10 de junho de 2015

De luto, após 8 anos, 6 meses e alguns dias

Se minha terapeuta não fosse minha terapeuta, ela diria: "eu disse!" Mas,né, pega mal.rs

Sábado comecei a organizar os armários e não, não me sinto mais leve. Porém, é como mexer num baú, com lembranças de quem você já foi ou quis ser um dia. Mas, peraí, quanto tempo faz que você não organizava o armário? hahaha..tipo, nunca? Esse era o elefante-branco-na-sala do meu verbo-carro-chefe: protelar.

Encontrar uma camiseta que fiz na faculdade, com a estampa do meu pai foi um soco no estômago, mas um soco necessário. Me fez lembrar que meu pai morreu; foi trazer de volta, toda a dor da perda; foi lembrar que para vê-lo, só em sonhos e eles não dependem da minha vontade; foi saber que ele foi a primeira pessoa de quem eu me despedi, tendo a certeza absoluta de que sua falta me sufocaria; foi pensar que eu tenho fotos e vídeos em um hd externo, mas nunca tive realmente coragem de procurá-los. É descobrir que, perto de uma década depois, sim, a vida continua e às vezes, você esquece das datas importantes porque vive correndo, mas que é possível chorar como se fosse ontem, porque saudade é saudade e ponto.

Mas, mais do que isso, serviu para eu admitir que nunca estive de luto, de fato. Chorar até ter 3 dobras no olho, chorar com cada lembrança, chorar porque viu um programa de TV que ele amava...se desidratar de tanto chorar, não é luto, é chorar.rs

Quando minha tristeza começou a diminuir e passei a ter mais lembranças que me faziam rir do que as que me faziam chorar, concluí que..."então, é isso, bola pra frente".

Anestesiada. Essa é a palavra que resume boa parte desses anos sem ele e que ficou muito mais nítido nos últimos anos. Para o mundo externo, não sinto que mudei e por vezes me sentia uma fraude - uma peça encenada por quem eu já fui um dia. Mas descobri que não sou, pois aprendi que cada um tira o melhor ou o pior de você e é essa a mágica das boas companhias. Só que para mim mesma, a regra era sempre fazer o mínimo necessário; sobreviver. Apatia, esgotamento, depressão leve, falta de interesse, falta de objetivos...já ouvi que tinha tudo isso e hoje substituo tudo pelo anestesiada.

Perceber, refletir e admitir o que a perda do meu pai significou na minha vida. Por conta disso, estou em luto. Por conta disso, sinto que dias melhores virão. Agora de verdade.

Beijos,
Betty.

Um comentário:

Unknown disse...

Isso meu amor, minha querida, seu movimento é o de nascer de novo! Seja bem vinda!
Abraço carinhoso...