28 de junho de 2015

Entre cores e dores

O facebook está colorido desde sexta e sim, colorir foto do perfil não significa que você fez algo de útil na luta por esta causa; sim, é um ato simbólico - conhece apoio moral?; sim, foi um avanço importantíssimo e sim, não foi diretamente no Brasil mas não deixa de ser importante; sim, cada um coloriu ou deixou de colorir por seus próprios motivos; sim, tem gente que caiu de para quedas e tá aí só pra não ficar de fora...

Mas não - e são grandes e estrondosos não - não é porque coloriu, que a pessoa  não lute com unhas, dentes e coração, pela causa; não é porque coloriu que ela está "saindo do armário"; nao é porque não coloriu que não simpatiza com a causa; não é por causa de perfis coloridos que o Brasil está na situação que está; não é porque você compartilha piadas ou críticas sobre quem coloriu  que você é melhor que ninguém, só é melhor pro seu ego; não é porque temos "problemas maiores (e isso é só uma questão de perspectiva)" que esse deveria ser menos importante - cada um sabe onde lhe aperta o calo; por fim, não é porque você acha que tem amigos gays que isso faz de você um genuíno amigo dos homossexuais ou de qualquer outra minoria - repense o termo amizade.
O mais importante disso tudo continua sendo: pense fora da sua bolha - 10 vezes mais quando for pra discordar e 1000 vezes mais quando for pra pregar o ódio. Eu vivo em uma a maior parte do tempo, então digo com conhecimento de causa: ter opinião sobre algo, não te torna especialista em nada, a não ser que os "sapatos" sejam os seus.

Beijos,
Betty.


17 de junho de 2015

Parte de Mim - Gram

De estar em movimento para frente + encontrar fotos antigas + sentir saudade boa + ouvir músicas antigas com novos significados, nasceu essa montagem e nascerá esse post.

Reformular-se não é assassinar seu passado, é perdoar (principalmente os que mais tiveram influência na pessoa que você é hoje e isso inclui você); é libertador só pela ideia de querer; é, no meio do processo, se apegar às boas lembranças, mas decidir por criar novas boas lembranças.


Toda a minha gratidão a cada pessoazinha presente nas fotos, que fizeram de 2003 a 2006, os melhores anos de UEL que eu poderia ter. 

Pode parecer estranho se você não interpretar como eu interpretei hoje, mas dedico a vocês, essa música do Gram: Parte de Mim.

Fomos tanto que sempre tinha gente aqui
Pra ver de perto o que alguém chamou de amor
Que desmancha e hoje a gente sabe bem
A casa está vazia agora e hoje fica sem você

Quando eu te enchi de razão
Você me chamou de fraco, velho
Pegue o que tiver pra pegar
Mais o que quiser

E parte de mim
Parte de mim
Quer te ver feliz
Parte de mim
Te expulsa e morre

Foram tantas, as brigas me faziam rir
Não era certo nem errado
Era o que devia ser
E nos dias, nas datas pra comemorar
A gente não jurava mais nada
E só bebia pra esquecer
O que era lindo se foi
Agora é normal e chato, um tédio
Pegue o que tiver pra pegar
Mais o que quiser

E parte de mim
Parte de mim
Quer te ver feliz
Parte de mim
Te expulsa, te perde

Parte de mim
Quer te ver feliz
Parte de mim
Te expulsa e morre

(Não fica assim, 
O último apaga a luz
Na porta que não range mais
Ouve o barulho mesmo assim.)

Minha leitura hoje foi:
Ka, casa, festas, aulas. Sempre cheios, sempre grudados.
Tanta afinidade, tanto amor. Nossa bolha, nossa auto-suficiência.
Eu apostei que não, mas o caminho natural é cada um tocar a vida.
Mas quando reencontra fica tudo igual e é o que importa.

100% de mim, quer vê-los felizes.
Sem lembranças, eu nada seria.

Foram tantas, as brigas e crises e 2005 que o diga! Mas hoje dá pra rir de tudo.
Depois de 4 anos fazendo planos de viajar juntos, virou lenda e paramos de planejar.rs
"O que era lindo se foi / Agora é normal e chato, um tédio", mas já estou trabalhando para que não seja assim.

"Na porta que não range mais / Ouve o barulho mesmo assim". Não vejo, nem falo com a maioria de vocês a maior parte desses anos entre 2006 e 2015, mas o barulho que deixaram aqui, é alto e claro. Love you all!

Beijos,
Betty.

10 de junho de 2015

De luto, após 8 anos, 6 meses e alguns dias

Se minha terapeuta não fosse minha terapeuta, ela diria: "eu disse!" Mas,né, pega mal.rs

Sábado comecei a organizar os armários e não, não me sinto mais leve. Porém, é como mexer num baú, com lembranças de quem você já foi ou quis ser um dia. Mas, peraí, quanto tempo faz que você não organizava o armário? hahaha..tipo, nunca? Esse era o elefante-branco-na-sala do meu verbo-carro-chefe: protelar.

Encontrar uma camiseta que fiz na faculdade, com a estampa do meu pai foi um soco no estômago, mas um soco necessário. Me fez lembrar que meu pai morreu; foi trazer de volta, toda a dor da perda; foi lembrar que para vê-lo, só em sonhos e eles não dependem da minha vontade; foi saber que ele foi a primeira pessoa de quem eu me despedi, tendo a certeza absoluta de que sua falta me sufocaria; foi pensar que eu tenho fotos e vídeos em um hd externo, mas nunca tive realmente coragem de procurá-los. É descobrir que, perto de uma década depois, sim, a vida continua e às vezes, você esquece das datas importantes porque vive correndo, mas que é possível chorar como se fosse ontem, porque saudade é saudade e ponto.

Mas, mais do que isso, serviu para eu admitir que nunca estive de luto, de fato. Chorar até ter 3 dobras no olho, chorar com cada lembrança, chorar porque viu um programa de TV que ele amava...se desidratar de tanto chorar, não é luto, é chorar.rs

Quando minha tristeza começou a diminuir e passei a ter mais lembranças que me faziam rir do que as que me faziam chorar, concluí que..."então, é isso, bola pra frente".

Anestesiada. Essa é a palavra que resume boa parte desses anos sem ele e que ficou muito mais nítido nos últimos anos. Para o mundo externo, não sinto que mudei e por vezes me sentia uma fraude - uma peça encenada por quem eu já fui um dia. Mas descobri que não sou, pois aprendi que cada um tira o melhor ou o pior de você e é essa a mágica das boas companhias. Só que para mim mesma, a regra era sempre fazer o mínimo necessário; sobreviver. Apatia, esgotamento, depressão leve, falta de interesse, falta de objetivos...já ouvi que tinha tudo isso e hoje substituo tudo pelo anestesiada.

Perceber, refletir e admitir o que a perda do meu pai significou na minha vida. Por conta disso, estou em luto. Por conta disso, sinto que dias melhores virão. Agora de verdade.

Beijos,
Betty.