21 de fevereiro de 2015

Quem não tem teto de vidro ... aborto.

"(...) Cada um em seu casulo, em sua direção
Vendo de camarote a novela da vida alheia
Sugerindo soluções, discutindo relações
Bem certos que a verdade cabe na palma da mão
Mas isso não é uma questão de opinião (...)" Teto de Vidro, da Pitty.

De tempos em tempos eu sinto uma tristeza daquelas de dar nó no estômago. Dessas tristezas que te trancam a garganta e lágrimas involuntárias nascem. É uma tristeza com o mundo. Pra ser mais exata, é uma tristeza com as pessoas.

CARALHO! Dá pra parar de olhar só pro seu umbigo?

Eu raramente (até me arrisco a dizer nunca) compro brigas em assuntos que considero sem fim. Daqueles que quem pensa de um jeito nunca vai mudar de opinião, independente da enxurrada de argumentos. Mas eu admiro, e muito, quem o faz. Porque essa energia toda, despendida, vai (preciso acreditar que sim) mudar o mundo algum dia.

O tema da vez é o aborto e vou tentar ser breve, embora não seja meu ponto forte. Por mais bizarro que isso vá soar, o único argumento que eu considero digno de respeito é o religioso. Crença é crença. Você, nem ninguém vai mudar isso na pessoa.

Todos os outros na linha do "só não fazer sexo", "existe doação", "na hora de abrir as pernas estava gostoso", "não conhece camisinha?", "ainda bem que é uma criança e não uma DST", "concordo se for estupro", "já tem um monte de gente que faz, imagina se legalizar".... todos eles estão na mesma linha que um monte de cocô, pra mim. Tenho nojo, fede, e bem que uma descarga gigantesca poderia levar tudo esgoto abaixo.

Mas, voltando lá pra linha da crença religiosa. Eu respeito e eu entendo porquê você nunca faria um aborto. Agora, você entende que a SUA CRENÇA não deve e, principalmente NÃO PODE (vide "estado laico" no Sr. Google) guiar a vida de outras pessoas?

Eu, por exemplo, tive épocas em que ser mãe era inquestionável (tipo quando eu era criança ou adolescente); tive épocas em que eu quis ser mãe (tipo quando eu achei que tinha encontrado o amor da minha vida e por muita sorte não o fui); e agora cheguei naquela época em que o relógio biológico começa a se preparar para dar tchauzinho. Como nunca aconteceu, só posso "imaginar" o que eu faria. Mas na minha imaginação eu sou contra o aborto ... EM MIM! O que - parafraseando outra banda, a Blitz - é milhas e milhas distante  de "eu sou contra o aborto e ponto final".

Então, termino o meu desabafo igual ao começo: CARALHO! Dá pra parar de olhar só pro seu umbigo? E, não! Não é olhar pro umbigo do feto ser contra a legalização do aborto. Seria olhar pro umbigo dele, se você se comprometesse a cuidar da vida dele, mesmo que seja com acompanhamento até que a adoção fosse garantida por uma família cheia de amor.

Beijos,
Betty.

Fica abaixo um link que eu sei, quem já é a favor vai amar e quem é contra talvez nem leia e mesmo que leia não vai mudar de opinião... mas vou deixá-lo aqui mesmo assim, porque foi um dos mais sensatos que li sobre o assunto. Inclusive nos comentários, o que é quase um milagre.

http://renatacorrea.com.br/eu-te-desafio-a-pensar-outra-vez-sobre-aborto/