10 de março de 2017

Vamos falar sobre o elefante branco no canto da sala, parte 3

Dia da mulher acabou de passar, como sempre, com muitas piadinhas prontas e muitos textos batidos.

Concordo? Sim. Se eu acho os textos que falam sobre o "peso de ser mulher" batidos, mas necessários? SIM, ao infinito.

Para provar isso, basta olhar pras pessoas do seu convívio. Quem é afortunado de dizer que só conhece gente esclarecida e isenta de discriminações? Não posso sequer olhar pro espelho e dizer que conheço uma.

Mas faço o meu melhor e fico muito feliz quando vejo alguém reformular ou desconstruir um conceito que foi doado por outras gerações, com outros pensamentos.

Meu ponto de vista é (baseado no meu círculo social): se no meio de pessoas que eu considero do bem, honestas, com bom caráter, inclusive teoricamente esclarecidos e que respeitam as mulheres (e todas as outras minorias), eu facilmente encontro o feminismo sendo visto como algo desnecessário (inclusive por mulheres), isso só prova que os milhares de textos repetidos que estão pela internet ainda não são o suficiente.

Então, cada vez que você usar o "mimimi" pra indicar algo que você considera frescura, faça o exercício de se perguntar: eu sei o que ela está falando, porque já senti isso na pele? 

Se sim, parabéns. Isso não prova que a pessoa está de frescura, só prova que cada um reage da forma que consegue, em situações iguais.

Se não, parabéns. Espero que saiba que é um(a) privilegiado(a). Então, só me resta pedir que exercite a empatia. Não precisa concordar, nem mudar de opinião.

E aos que confundem feminismo com o inverso do machismo, vem conversar que te explico. Só adianto que não tem nada a ver com odiar homens, deixar de ser feminina, querer ou conseguir descarregar um caminhão de cimento, não lavar louça ou querer ganhar igual aos homens, sem fazer por merecer. Tem tudo a ver com ter o simples direito de ser quem você quer ser e quando houver mérito, ser reconhecida com o mesmo peso. 

Se for largar o emprego pra se dedicar à família, pode (e não ser considerada dondoca ou recatada e do lar). Se for se dedicar à carreira e não ter filhos, ok (não uma egoísta do útero seco). Se for casar virgem, ok (não santinha do pau oco). Se for dar pra torcida do flamengo, ok (não puta, biscate, mereceu um estupro coletivo). Se quiser se depilar ou não se depilar nunca mais, ok (não escrava da moda ou sapatão peluda).

A única a decidir quais escolhas lhe convém, DEVERIA ser ela, não a sociedade inteira.

Beijos, Betty.

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