Desde que eu me dou por gente, meu pai tinha diabetes (inclusive em algum momento da minha infância, achei que a culpa fosse minha, pelo meu nome, foneticamente, estar no nome da doença...coisa de criança). Sempre soube, desde pequena até hoje, o que todo mundo sabe: diabético não pode ingerir açúcar. Depois de um tempo, soube que existiam 2 tipos de diabetes, mas nunca soube ao certo qual era a diferença entre elas.
Basicamente, a tipo 1 não produz insulina e a tipo 2 produz, mas não a produz/utiliza de forma adequada. Com o tempo, dependendo do prejuízo causado ao pâncreas, a pessoa pode necessitar de aplicação de insulina, assim como há a possibilidade de passar a vida inteira sem a necessidade de fazê-lo.
Depois de crescer, convivi bem de perto com alguns efeitos colaterais da doença, como perda da visão e da função renal e, consequentemente, da necessidade (e da luta que é) de se fazer hemodiálise 3x por semana; derrame e ponte de safena (ambos consequências da pressão alta e colesterol, que também são alterados pela diabetes); dificuldade na coagulação e cicatrização. Tudo isso, meu pai teve.
Mas, assim como a maioria dos mortais, você, lá no fundinho, acha que não vai acontecer contigo, ou que vai acontecer láaaa, muito longe do HOJE.
Faz uns 4 meses que recebi o diagnóstico inicial e, desde então, tenho me cuidado bastante, o que já resultou num exame novo com um quadro muito mais positivo e otimista. Na época, consultei o primeiro endocrinologista disponível e ele pareceu saído de uma pegadinha do malandro, então ignorei 100% do que ele me disse...inclusive os insultos arrogantes disfarçados de sabedoria.
Porém, numa nova consulta, com uma endocrinologista competente, saiu da boca dela em câmera lenta: sim, você tem diabetes. Na hora, tive que me esforçar pra não cair em prantos, até mesmo porque não sabia ao certo por quê eu queria muito chorar.
Agora, processada a "novidade" e após tirar as minhas dúvidas (e ter todas elas esclarecidas de forma calma, com paciência - obrigada, Dra Marizia Marco de Souza Dias) eu entendi que meu choro veio, primeiro por não ter me respeitado o suficiente pra me cuidar; segundo por lembrar de tudo que meu pai passou; e terceiro porque achei que minha vida começaria a acabar a partir de hoje.
Mas a parte boa é que o choro foi embora, tão rápido quanto veio, quando eu entendi que não comecei a morrer, mas comecei a nascer. Ter consciência do que é preciso fazer e, principalmente, estar ciente de que está fazendo tudo certinho, vai me trazer muita saúde.
Segundo entendi, eu posso normalizar todos os exames, desde que continue emagrecendo e comendo de forma saudável. Porém (e é aí que mora o diagnóstico e o lance do "não tem cura"), mesmo normalizando, foi feito o registro no meu organismo (e principalmente no meu pâncreas, que não se regenera).
Daí, diferente de uma pessoa "normal", ao voltar a ingerir muito açúcar ou engordar, meus exames ficarão alterados novamente.
Mas, o lado bom é que, ao continuar me cuidando, posso viver como se não tivesse a doença (sim, poderei comer um docinho, sem excessos). Quanto mais me cuidar, mais vou retardar o aparecimento de doenças secundárias e a necessidade do uso da insulina.
A diferença maior é que terei que ficar mais atenta e fazer alguns exames anualmente, como oftalmo e cardio.
Viu, existe vida feliz após o diagnóstico. Obrigada aos que se preocupam/preocuparam. E, de coração, aceitei que sou diabética e estou bem.
Viu, existe vida feliz após o diagnóstico. Obrigada aos que se preocupam/preocuparam. E, de coração, aceitei que sou diabética e estou bem.
Beijos,
Betty.
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